jorge cruz | perdas e danos

se não voltares
leva-me esta esperança
de te abraçar
de te assustar
de te enganar
como uma criança

porque a nossa história
ficou noutro milénio
eu hei-de avançar
remar, remar
e encher o ar
de um novo oxigénio

tu queres viver
os teus verdes anos
mas então e eu
o que hei-de eu fazer
quem pode viver
só de perdas e danos

se não voltares
leva-me esta esperança
de te ver dormir
de não resistir
e ter de cumprir
em alguém a vingança.



(rui)

Etiquetas: sons que fascinam

o mundo sorriu quando acordaste
acendeu-se uma luz como se fosse um sorriso
a esconder-se de mim

a noite já lá vai
como o mar que arrasta
as saudades, as canções
que ainda não te escrevi

tudo voltaria ao normal
se não fosse outubro
e não usassemos camisolas de lã,
e os dias não se começassem
a confundr
com a noite

a cidade espera o milagre

resta-nos contrariar a verdade
e continuar a jogar ao esconde-esconde
no parque dos sonhos que ludibriam
a luz soturna do engano.


(rui)

Etiquetas: palavras murmuradas ao ouvido

o circo abandonou a cidade
é o primeiro sinal de frio
que se confunde com o teu
último suspiro

o tempo evapora-se por entre
tardes que se esvaziam
na falta de ensinamentos,
de carinhos, na vontade
de te ter, de te ser

quando voltarmos a abrir
a mesma porta de barro
os nossos dedos não se
podem esquecer de tocar
as correntes de ar, quando
os silêncios confundem-se
com o amor, pedaços
sombrios do medo que
hás-de esquecer

por vezes,
esqueço-me de mim
mas sou incapaz de me esquecer
de ti.

(rui)

Etiquetas: palavras murmuradas ao ouvido